domingo, 14 de abril de 2013

Comércio internacional se mantém estagnado, afirma OMC

Torcida por brasileiro na disputa pelo comando da instuição traz a oportunidade de o país refletir sobre sua inserção no mercado global.

 O comércio internacional cresceu apenas 2% em 2012 e sua elevação deve ficar pouco acima dos 3% em 2013, segundo relatório publicado pela Organização Mundial do Comércio na semana passada (10/04). Ambos os índices estão bem abaixo da média dos últimos 20 anos, 5.3%, e mais baixos ainda que o nível médio de crescimento das trocas internacionais no contexto pré-crise, de 6%, entre 1990 e 2008.

Segundo a organização, os índices apresentados mostram que os "problemas estruturais da economia internacional" revelados pela crise do período 2008/2009 ainda não foram atacados. Na verdade, seria difícil esperar números muito diferentes quando as grandes nações comerciantes do planeta estão de fato em crise desde então, algumas delas, como o Japão, por exemplo, há ainda mais tempo. O primeiro-ministro Shinzo Abe acaba de lançar mais uma tentativa do governo japonês, apelidada de "abenomics", de combater 15 anos de recessão e deflação na terceira maior economia do mundo, atrás apenas de China e Estados Unidos.

Ao mesmo tempo, como sugere o relatório da OMC, incertezas renovadas sobre o euro tiveram certamente impacto sobre as importações da União Europeia, que se apresentaram em queda em 2012 em relação ao ano anterior. A Europa é o maior centro exportador e importador do planeta. O comércio intra-europeu movimenta mais de US$ 4,5 trilhões e a UE como bloco ainda negocia externamente outros US$ 2 trilhões. Chineses vendem US$ 2 trilhões de dólares ao mundo e os americanos, US$ 1,5 trilhão. Os Estados Unidos compram mais de US$ 2 trilhões no mercado global, a China, em torno de US$ 1,7 trilhão.

Nesse sentido, não há dúvida de que a queda no comércio intra-europeu influenciou os resultados de 2012, como diz o relatório da OMC. Se tudo der certo, a expectativa é a de que o crescimento do PIB mundial e do comércio internacional volte à média dos últimos 20 anos somente no fim de 2014.

"Na medida em que a crise da economia global persiste, pressões protecionistas ganham força e podem se tornar eventualmente insuperáveis. A ameaça do protecionismo pode ser maior agora que em qualquer momento desde o início da crise", afirmou o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, na ocasião da divulgação do relatório.

"Para nos prevenirmos de um ciclo autodestruidor de nacionalismo econômico, os países devem voltar suas atenções para o sistema multilateral de comércio. O comércio internacional deve ser motor do crescimento econômico e não termômetro da instabilidade global", ressaltou.

Nesse contexto, disputa a direção-geral da OMC o brasileiro Roberto Carvalho de Azevêdo, que passou, no último dia 12/04, para a segunda fase do pleito, junto com outros quatro concorrentes. Trata-se de uma boa oportunidade para o país refletir sobre sua inserção no mercado global.

Afinal, por que mesmo queremos um brasileiro no comando da Organização Mundial do Comércio? Entre as 10 maiores nações industriais do planeta mas com restrições históricas ao comércio internacional, o Brasil participa hoje com menos de 1,5% das exportações mundiais e menos de 1,3% das importações.

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